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Sincronicidades e o Encontro com os Mestres

Atualizado: 4 de set.


Um homem em estado meditativo: limpando a mente para ajudar a criar sincronicidades.
Um homem em estado meditativo: limpando a mente para ajudar a criar sincronicidades.

Como as sincronicidades acontecem: Dia 26/7 foi o aniversário de 150 anos de nascimento de Carl G. Jung. Passei o final de semana em imersão em estudos de grupos junguianos. Em um desses grupos nos foi perguntado: O que Jung significa para você? E então fiz um viagem em meu interior e vou compartilhar com vocês.

Fui uma criança muito retraída porque acreditava que tinha alguma coisa errada comigo. Nunca gostei de lugares barulhentos. Sempre amei ler e também ouvir histórias. E sempre, desde que me conheço por gente, tive sonhos estranhos e pesadelos.

            Foi precisamente na questão dos sonhos que, enquanto cresci a coisa começou a ficar complicada. Eu não gostava de dormir, pensar em dormir já me perturbava. Porque eu sabia que os sonhos viriam e eu não sabia o que fazer com eles. Eu queria ter um jeito de fugir deles, já que era impossível não dormir.

            Meus sonhos me perturbavam tanto que comecei a desabafar com meu falecido avô sobre eles. Ele guardou os segredos dos meus sonhos, mas ficou tão preocupado que buscou a solução que tinha condições na época (não é o que todos nós fazemos?). A solução que ele encontrou (eu tinha sete anos de idade), não me convenceu profundamente, apenas superficialmente: bem lá no fundo o vulcão continha chamas acesas trabalhando, eu bem podia sentir.

            Então os anos se passaram e quando completei vinte e quatro anos conheci Dona Marília. Foi ela que sem querer me apresentou Jung. Ela foi minha primeira mentora, era teosofista professora de astrologia esotérica e numeróloga, proprietária de uma pequena loja esotérica que ficava em frente da sua casa. Na Avenida Tramandai Zona Sul de Porto Alegre.

            Certo dia ela entrou no meu trabalho e logo criamos uma conexão. Eu estava lendo Élipha Lévi e ela me convidou para conhecer seu espaço. Eu tinha também um tarot (Espelho da Alma do Crowley) ao meu lado, no balcão do estabelecimento comercial onde eu trabalhava. Seu espaço ficava literalmente do outro lado da rua. No mesmo dia fui até seu espaço.

            Acabei entrando em sua biblioteca e de tantos livros que ela queria que eu lesse, o que me chamou a atenção foi um livro em particular “A Natureza da Psique” de Carl Gustav Jung. Ela não quis me emprestar. Disse que “aquele cara” se referindo a Jung, tendia a deixar as pessoas malucas. Ela afirmou rispidamente: “Se você ler esse autor, ou você enlouquece ou se encontra”. Ela desistiu de ler porque estava começando a enlouquecer.

            Eu segui minha intuição e pedi para ler. E abrindo ao “acaso” li uma coisa que mudou minha vida para sempre. Ele dizia algo mais ou menos assim: Que ele vinha ouvindo seus colegas médicos se referirem aos sonhos como “apenas sonhos”. E que sonhos são a expressão mais pura do inconsciente, são natureza. Sonhos não mentem, não têm artimanhas. Como natureza expressam a verdade, nós é que não conhecemos sua linguagem e por isso os ignoramos. Mas que eles são como joias do inconscientes entregue ao sonhador. Isso que aconteceu se chama sincronicidade: quando os eventos se alinham criando uma rede de conexão quase mágica.

            Naquele momento (início de 1996) eu finalmente fiz as pazes com meus sonhos, passei a estudar do ponto de vista da psicologia profunda, seguindo os passos desse médico e pesquisador brilhante. Meus sonhos passaram a me curar, a me orientar, a mostrar o que estava para vir.

            O que Jung significa para mim? Um homem que me ensinou a me amar, amar e respeitar o que vem de mim para mim. Um pesquisador incansável que me ensinou que quem tem um chamado precisa segui-lo: não se trata de mirar nos resultados, mas de seguir o fluxo e confiar que a sabedoria da vida tem um propósito. Então quando os resultados vierem eles não terão aquele gosto de segunda intenção de quem só faz algo buscando recompensas. Quando os resultados vierem eles serão o resultado de um lindo processo de crescimento, de autodescoberta, de falhas, de caídas e recomeços. Porque numa vida normal é isso o que acontece, um constante vai-e-vem; sobe e desce. Onde nada é garantido senão o despertar de quem se propõem a viver o desconhecido sendo fiel ao chamado, a voz interior, ao Self.

            Pensei: se ele conseguiu ter essa fidelidade eu também posso. E então eu o segui, ainda sigo e seguirei enquanto estiver por aqui nesse plano da vida. Jung é assim um exemplo a ser seguido, um professor profundo, sensível e extremamente erudito. Alguém por quem sinto profunda gratidão.

 

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