A Voz da Alma que Calo em Mim
- psimbolom
- há 7 dias
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Minha voz cala com a dor.
Ao confinar a voz adoeço de corpo e alma; e também a região da garganta.
Mas dor de quê? A dor da intensidade da vida!
O mundo me atravessa com sua impetuosidade.
Mal dou conta de mim mesma, como posso me haver com a dor do mundo?
Transformo, lentamente, minha dor e a do mundo em arte.
Enquanto tento manipular essa energia tudo se distorce e os resultados são caóticos.
É somente quando experimento ter fé na potência da alma que aprendo a deixá-la usar minha voz e meu corpo. Porque tudo em mim: corpo, sangue, ossos, cordas vocais, tudo precisa aprender a se doar. É somente quando me doo por completa, sem restrições permitindo que a alma fale que surge a ordem: interna e externa. Porque não existe nada que venha de fora sem a participação do meu magnetismo.
Impor condições ao espírito é impedi-lo que criar a estrada melhor. Trilho estradas tortuosas por falta de fé e de entrega ao meu centro interior ordenador. Então sofro as consequências.
Agora que conduzo melhor meu ser, agora que sou mais integrada, a vida responde com mais concordância. E as sincronicidades surgem como consequência dessa coerência. Isso tudo porque permito que minha alma conduza minha vida.
Isso demorou porque eu não sabia que meu ego é só um instrumento. Por muito tempo pensei sê-lo. Agora com o ego em seu devido lugar instrumental minha voz faz uma sinfonia diária. E vivencio a liberdade da alma que dança em seu próprio ritmo criando a coreografia da minha vida.
Celebrar é tudo o que posso fazer ao aprender essas coisas.
Todos nós já ouvimos a expressão “engolir sapos”. Mas temos realmente consciência do que mantemos circunscrito no mais recôndito do nosso interior? A única forma de cura é pela expressão.
Jacqes Lacan (psicanalista Frances) dizia que somos seres de linguagem. E não temos idéia de todas consequências que desencadeamos quando não expressamos o que sentimos.
O fato de muitas pessoas tentarem falar e só encontrar incompreensão pode fazê-las desistir de compartilhar afetos e sentimentos mais profundos. E não são poucos indivíduos que adoecem porque não têm com quem compartilhar o que vem de si mesmas. Então a estrada para o isolamento surge como uma via de resposta para a tentativa de evitar a dor.
Mas o isolamento e o silêncio só aumentam a angústia e adoecem a alma. Resulta em um ego ferido e precisamos de um ego estável e bem preparado para a imensidão e intensidade da vida. O ego é o centro da consciência, aquilo a que chamamos de eu. Mas ele não é o centro de toda estrutura psíquica.
Ao não aprender a elaborar através da dor o sujeito impede o pleno desenvolvimento psíquico. Então vemos adultos com atitudes infantis. Vemos indivíduos passando a vida sem desabrochar em todo seu potencial. Porque o sujeito vive pela metade, vive muitas vezes sem contato com o espírito pessoal (o Self).
Quando esse sujeito encontra a escuta clínica a dor surge como uma parte ferida e/ou negligenciada que precisa ser acolhida. E conforme ocorre a desobstrução do que estava barrado a energia psíquica pode chegar até a parte que não era acessada. E é nessa “parte” que muitas vezes está o potencial e as respostas.







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